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Imperial Quinta do Caju, um patrimônio destruído e esquecido nas brumas do tempo!
Imperial Quinta do Caju, um patrimônio destruído!
Por Cleydson Garcia.
Se perguntarem às pessoas, o que acham a respeito do bairro..
Certamente ouvirão essas respostas:
- Um lugar feio, pobre, cinzento e sem espaços de sociabilidades.
A maioria dos cariocas, acreditam que o Caju, é mais uma área degradada na cidade, e que ninguém gostaria de morar lá. Por ser uma zona repleta de galpões industriais, construções portuárias, cemitérios, áreas militares, prédios abandonados, estaleiros e favelas. E de fato, o bairro, cresceu sem áreas de lazer e planejamento urbano multifamiliar, assim como a boa parte da Zona Norte. E apesar dos problemas, há belezas escondidas no bairro, que necessita apenas de restauros. Ainda existe: Vilas proletárias antigas, as ruínas do hospital São Sebastião de 1889, e pouquíssimos imóveis do início do século XX.
É de se lamentar, que o Caju, tenha perdido tantos casarios históricos, devido à expansão das atividades portuárias e industriais. E o que sobrou, dá para contar nos dedos! E a velha casa colonial da foto acima, foi engolida pela favela, por desleixo da administração republicana, que deveria dar moradia decente à essas pessoas. Talvez, exista as fundações desta casa secular, construída em meados do século XVIII. Para redescobrir os rastros deste velho casarão, teriam que chamar um arqueólogo pra fazer as descobertas.
Devido ao abandono deste bairro histórico, e a falta de trabalhos acadêmicos mais avançados a respeito deste lugar, eu decidi fazer esta pesquisa, para trazer mais descobertas ao público. Usei fontes bibliográficas, e fiz o geoprocessamento com as plantas da quinta, com o propósito de localizar as construções seculares.
E trago outra informação importante! O prédio que é nomeado como "Casa de Banho D. João VI", na verdade, nunca foi a casa de banho do rei de Portugal. Era apenas um dos imóveis que pertenceram ao Comendador Tavares Guerra. O restante desta polêmica, saberão a seguir, e tem fotos inéditas no final!
A verdadeira Quinta do Caju, fica na parte norte do bairro, é onde foi ocupada pela família real. Enquanto isso, a casa de Tavares Guerra, fica na parte sul da ponta do Caju. Ao avaliarmos a situação geográfica do bairro, percebemos que o termo "Ponta do Caju", gerou confusão para os técnicos do IPHAN, na época do seu tombamento em 1938.
A casa do comendador, não deixa de ser um patrimônio histórico relevante, por ser o único imóvel da arquitetura colonial no bairro.
Esse exemplo acima, é o geoprocessamento feito por mim, com intenção de esclarecer as alterações do litoral. Alisando a imagem, dá para notar os danos ambientais causados pelos aterros. Além disso, foi possível redesenhar os caminhos antigos que existia na quinta, onde havia frondosas mangueiras.
Toda a área verde da quinta, desapareceu por causa da construção dos galpões industriais, oficinas da Rio D'Ouro e exploração de madeira pelos pescadores, ainda no final do século XIX. Das antigas aléias floridas, sobrou apenas pequenos trechos, e hoje, fazem parte das ruas da comunidade. A casa da foto de 1893, está representada nesse polígono laranja, defronte à ilha dos Ferreiros. E a casa de banho, está no outro lado da praia, onde está escrito "Palacete" no mapa.
Esta ilha, era um antigo sítio insular, usado desde o início da colonização. E foi se expandindo através de pequenos aterros à sua volta, para criar pátios e armazenar os produtos agrícolas. Nos seus últimos tempos, perto de desaparecer do mapa, foi um depósito de carvão, e depois, oficinas dos hidroaviões da PANAIR do Brasil.
A propriedade denominada, "Quinta do Cajú", tinha cerca de 135 mil metros quadrados, e diminuiu de tamanho nos seus últimos tempos.
Mas antes de chegar na história da "Imperial Quinta do Caju", vamos conhecer primeiro as raízes do bairro de Caju!!
HISTÓRIA
- A história do lugar, começa muito antes!
Em 1500, Caju, era um lugar belíssimo, com praias de areias branquinhas, colinas verdejantes. O seu bioma, era composto de restingas nas partes planas, floresta densa nos morros, brejos de água doce e mangue vermelho. E era possível que o local tivesse a denominação de "Akaîú", dada pelos próprios índios tupinambás, e isto, pode indicar a existência de cajueiros na região. Vale lembrar, que o cajueiro da praia, brota no meio dos areais, entre os araçás, pitangueiras e outros arbustos da mata atlântica. E os habitantes comuns eram os micos, papagaios maracanãs, iguanas, cobras, camarões, cavalos-marinhos, sardinhas, e até mesmo baleias.
Este paraíso, ficava posicionado entre as aldeias tupinambás de Îabebyra-asyka, de São Cristóvão e Eirámirim, de Manguinhos. O pontal, era suficientemente afastado das tabas ancestrais, ideal para os tamoios fugirem das regras sociais, e namorarem escondidos em suas choças. Principalmente os rapazes considerados "fracos" e as índias maduras. Estes homens, não tinham direito de ter esposas, porque que não provaram ser guerreiros, então, estavam fadados a não ter vida amorosa na aldeia. E as índias maduras, eram rejeitadas por estarem muito "velhas" ao passar dos quarenta anos, e eram abandonadas pelos caciques, após estes se casarem com as índias adolescentes. As mulheres mais velhas, também sofriam com a privação de seus instintos sexuais, e deitavam com os homens "fracos" e os meninos púberes. Por isso que o calvinista francês, Jean de Lery, anotou em seu diário, que os tupinambás eram adeptos aos "pecados nefandos", devido a atitude dos índios de buscarem o prazer sexual, independente de ser homoafetivo ou não. E eles, voltavam à aldeia, sem sentirem culpa do tal "pecado" mesmo sendo descobertos, e não eram punidos da mesma maneira do velho mundo, havia apenas deboches e gargalhadas.
Talvez com o tempo, foram chegando uma nova leva de tamoios, que começaram a explorar e ocupar Caju, atraindo amigos e parentes para a taba recém construída. O lugar, era perfeito para pescarias, devido à proximidade com o manguezal da Enseada de Inhaúma e do Oceano Atlântico. Nesse ponto, que se extraía com abundancia os beijupirás, o peixe que servia pra fazer farinha, excelente para transportar em viagens de guerra. Além disso, as terras eram boas para plantar mandioca, pra fazer cauim.
CONQUISTA DO CAJU
Após a derrota dos tamoios, perante às forças de Araribóia e Lusitana em 1565, foram distribuídas as primeiras sesmarias da cidade. Os primeiros donatários do Caju, foram os "Padres da Companhia de Jesus", que eram conhecidos vulgarmente como Jesuítas. E a sesmaria de Iguaçu, tinha 6000 braças em quadra; incluía os bairros da Tijuca, São Cristóvão, Caju e corria sertão adentro até a Tapera de Inhaúma, nas proximidades de Bonsucesso. E a ponta, passou a ser chamada de "Acajú" pelos conquistadores portugueses, desde os tempos imemoriais.
Os jesuítas, nos primeiros tempos, tiveram muitas dificuldades de administrar esse extenso latifúndio, e foi a partir de 1577, que surgiram os primeiros arrendamentos. Além disso, os padres resolveram setorizar esta gigantesca sesmaria em três grandes fazendas, nos séculos seguintes: Engenho Velho, Engenho Novo e Fazenda São Cristóvão. E o lugar do Caju, fazia parte da antiga "Fazenda de São Cristóvão," cuja sede foi construída em 1752, e existe até hoje como "Hospital Frei Antônio", antigo Lazareto de São Cristóvão.
Caso se os historiadores, provarem que o nome do lugar é um topônimo indígena, ficará registrado mais um apagamento das raízes históricas tupinambás. Assim como outros bairros; Pavuna e Inhaúma, que também tiveram as suas origens esquecidas, e só foram rememoradas na obra de Rafael Freitas: O Rio Antes do Rio.
ARRENDATÁRIOS
Antes da expulsão dos Jesuítas, feito a mando do Rei D. José I, e seu secretário Marquês de Pombal, ocorrida em 1759, os padres, haviam acumulado uma fortuna espetacular no Brasil. A riqueza dos padres, veio pelos arrendamentos, criação de gado vacum, contrabando de ouro e pedras preciosas, lavouras próprias e dos rendeiros. Deu origens a diversas lendas de tesouros espalhados pela cidade, principalmente no Morro do Castelo e nas suas propriedades rurais.
A boa parte destas escrituras de arrendamentos feitas de 1577 à 1700, se perderam com o tempo. Hoje, os documentos que restaram se encontram no Arquivo Nacional.
O mais antigo registro encontrados sobre a Ponta do Caju, é de 1709!!
Mas, ainda temos esperanças de encontrar documentos mais antigos, em outros arquivos públicos.
"Escritura de doação e trespasso de uma ilha que faz Domingos de Freitas de Oliveira a Antonio Pereira Pinto, casado com sua ... Jacinta Gomes – chamada a ilha dos Ferreiros, sita na baía de São Cristóvão, a qual fica defronte da Ponta do Caju, havida por doação, com outras mais, de seu pai Domingos de Freitas em 23/11/1709 [1º Ofício]."
Notem que o documento fala da existência de uma ilha, chamada de "Ferreiros", que atualmente está extinta, pois foi unida ao continente, por intermédio de aterros. Tudo isso para a expandir o cais do porto na década de 1950. Hoje, o lugar é um depósito de contêineres!
Agora vou mostrar com detalhes, os preços dos arrendamentos na Ponta do Caju!
O documento a seguir, é um outro exemplo de arrendamento feito pelos Jesuítas, em 1734. Mostra os valores em réis, cobrados das chácaras ou quintas loteadas pelos padres, e o quanto lucravam com isto anualmente:
"No ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, de mil setecentos e trinta e quatro, aos seis dias do mês de Agosto.. Escritura de arrendamento que fazem os reverendos padres da Companhia de Jesus a Antonio Teixeira de Azevedo - um sítio a que chamam a Ponta do Caju, o qual foi do Reverendo Cônego Gaspar Ribeiro Pereira. Arrendamento por 3 anos. Aluguel: 12$000 por ano."
Esta escritura abaixo, mostra a existência de diversos sítios na Ponta do Caju.. Porém, estes arrendatários, estão localizados na ponta norte, onde viria ser a futura "Quinta Real/Imperial do Caju". A identificação do local, se deve por estar de frente à ilha dos Ferreiros.
"Escritura de arrendamento de um sítio que fazem os reverendos padres da Companhia a Jacinta Matildes Angélica de Sá, mulher de Joaquim Caetano Moreira de Abreu - com casas de vivendas térreas e assobradas, cobertas de telha e com parede de taipa de mão, sito na Ponta do Caju, onde até o presente esteve por arrendamento Matias da Cunha de Carvalho, partindo de uma e de outra banda com as terras do sítio de Antonia do Amaral, conforme a divisão que entre si fizeram os ditos rendeiros. Possui também uma outra casa no porto do dito sítio, e pertence ao dito sítio, a ilha chamada do Ferreira, que está à sua frente. Data: 18/03/1743."
Notem no mapa abaixo a existência da casa de 1893, no plano da cidade do Rio de Janeiro, feito por volta de 1770, pelo Sargento-Mor Manuel Vieira Leão.
Como pode ver nas escrituras, os dados apontam que as principais funções dos sítios, eram ser fornecedores de frutas, legumes, pescados e cal para a cidade!
E o documentos abaixo, foi lavrado nos últimos tempos dos padres da companhia, no Brasil.
"Escritura de venda de uma chácara que faz Francisca das Chagas, viúva de Antonio João de Oliveira, a Feliciano Joaquim de Souza Nunes - com casas de vivenda com telhas, árvores de fruto, etc., sita na paragem chamada a Ponta do Caju, em terras pertencentes aos reverendos padres da Companhia de Jesus, partindo de uma e outra banda com chácaras pertencentes ao Colégio, pagando de foro 12$800 anuais. Preço: 540 Réis. Data: 06/05/1752."
- Para maiores esclarecimentos, o termo "Colégio", se refere aos próprios Jesuítas.
Após a expulsão dos jesuítas, muitas chácaras foram vendidas. E quem fez novas aquisições no local, que seja por compra, herança ou doações, passaram ser foreiros da Câmara da Cidade, para onde iam o dinheiro dos impostos. Assim manteve o sistema de compra, venda e arrendamento. As leis de terras, viria muitos anos depois!
Note pelo mapa acima, uma paragem chamada "Francisco Coelho", que era o antigo proprietário local. Certamente, a figura já havia falecido no final do século XVIII, deixando apenas o seu nome, que logo desapareceria do mapa.
Porém, ele esteve vivo na metade do mesmo século, como consta no registro abaixo:
Francisco era foreiro dos Padres da Companhia de Jesus!
"Escritura de venda das benfeitorias de uma chácara que fazem Feliciano Joaquim de Souza Nunes (ou Neves) e sua mulher Úrsula Soares Castro a Francisco Coelho da Silva - com duas casas de vivenda cobertas de telhas, sita na paragem chamada Ponta do Caju, em terras pertencentes aos reverendos padres da Companhia de Jesus, partindo com outras chácaras pertencentes ao mesmo colégio, com foro anual de 12$800, benfeitorias compradas a Dona Francisca das Chagas, viúva de Antonio João de Oliveira, em 05/06/1752. Preço: 490 Réis"
As características geográficas deste ponto, era interessante! Pois a Ponta do Cajú, fazia uma curva acentuada, quase um semicírculo, penetrando na "Enseada da Raposa". E ali, existia uma praia de areias claras e águas mansas, um verdadeiro berçário de crustáceos e moluscos. E não é atoa que havia uma fábrica de cal, que dependia das conchas para extrair o calcário.
"Escritura de doação de uma chácara que faz Manoel de Moura a Maria e Ana, filhas de Maria da Conceição - com casa de vivenda, fábrica de fazer cal, etc., sita na Ponta do Caju, na paragem chamada Paelho (?) [Francisco Coelho], partindo de uma banda com José da Cruz e com a ... de João Furtado e da outra com Joaquim Ricardo, partindo também com o mar, benfeitorias compradas a Domingos Francisco da Silva e as terras arrematadas em praça pública no sequestro dos padres. Data: 02/09/1765."
O registro acima, foi feito, 6 anos após o confisco das terras dos jesuítas!
Por ser a maior chácara da região, o sítio "A Ponta do Caju", passou a ser conhecida como "Quinta do Cajú", um pouco antes da família real portuguesa!
CHEGADA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL
- Estrangeiros na Ponta do Cajú.
Com a chegada da família real, houve abertura dos portos, e vinda de muitos comerciantes europeus, principalmente os ingleses. Mas não para por aí! O monarca trouxe consigo; embaixadores, cônsules, artistas e pessoas da nobreza estrangeira. Um destes, chegou a arrendar um sítio na Ponta do Caju, exatamente onde seria a futura "Quinta Real". O seu nome era Alexander Cunningham, um cônsul da nação inglesa. Coincidência ou não, era o tataravô paterno da princesa Diana Spencer, falecida esposa do príncipe Charles e mãe dos príncipes William e Harry. O Sr. Alexander, arrendou uma parte da chácara de Luiz José de Gouveia Freire, o mesmo que venderá a sua quinta, para D. João VI em 1817. O cônsul, viveu no Rio de Janeiro até o seu falecimento, ocorrido em 1832, sendo atuante no combate ao tráfico negreiro.
A escritura que mostra a presença do cônsul, foi lavrada no dia 31 de julho de 1809, e o seu primeiro nome, foi aportuguesado pelo escrivão. O documento abaixo, se encontra nas gavetas do Arquivo Nacional:
"Escritura de arrendamento de parte de uma chácara que faz o Ajudante Luiz José de Gouveia Freire a Alexandre Cunningham, negociante - com benfeitorias de arredor e casa de vivenda, sita na ponta do Caju, com outras casas próximas, junto da praia e juntas de um pedaço em que se acham as ditas propriedades, que constam de 130 braças de terras de testada, pelo comprimento da praia fronteira à cidade, principiando a medir-se do canto que a dita casa faz ao mar, indo pela dita praia adiante até uma vala e cerca que divide o dito terreno arrendado dos das mais chácaras que ... pertencendo a ele outorgante se a ...taram as ditas 130 braças de testada, indo estas com os fundos no lugar da divisa até a outra parte da chácara e praia oposta a da testada e cerca dos sítios que se acham arrendados em roda da praia fronteira ao convento de Bom Jesus, as quais reservava para si o outorgante, à exceção daquele que se acha cercado de espinhos que consta de 25 braças de comprimento, em que tem horta na mesma chácara e fica entre a fonte de água e o sítio da venda. Arrendamento por tempo de 9 anos."
Vale relembrar aqui, que a Ilha de Bom Jesus, está unida à Cidade Universitária. E ainda existe no lugar, a Igreja de Bom Jesus da Coluna, e os prédios do antigo convento quase em ruínas, necessitando de um restauro urgente!
Pelas informações passadas na escritura, a casa da foto de 1893, pode ter sido a moradia temporária do cônsul inglês. E esta vivenda proporcionou a ele, uma magnífica vista da baía de Guanabara. O texto, também informa que o outro lado da mesma quinta, estava na posse de outros arrendatários, ao noroeste da ponta. E que Alexander, ficou na parte nordeste, cuja a praia, era virada para o porto da cidade.
Segundo a Gazeta do Rio de Janeiro, o valor pago para Alexander desfrutar esta propriedade era alto! Cujo aluguel anual, pedido pelo cônsul inglês Alexandre Cunningham, era de 800$000 réis!
Porém em 1813, o cônsul, resolve deixar a Ponta de Cajú, para se mudar próximo à cidade, talvez na zona sul, em lugares como Botafogo.
- Um almirante inglês na Ponta do Cajú?
SURGE A QUINTA REAL DO CAJU!
Assim que a rainha de Portugal, D. Maria I, ficou depressiva, o príncipe Dom João, assume de vez a administração da coroa portuguesa. Logo em seguida, a sua mãe morre, devido às suas complicações alimentares.
Em 1817, Dom João VI, é aclamado como o rei de Portugal, Brasil e Algarves.
As tarefas políticas, e o excesso de gente à sua volta, lhe causava um pouco de estresse e cansaço. Por isso que ele tirava uns dias sabáticos, passeando nos campos da Fazenda Real de Santa Cruz. E lá arrumou um outro problema, passou a sofrer com mordidas constantes de carrapatos, em suas pernas!
Relatório do Médico:
"Aludo ao carrapato, que se lhe agarrou à perna, e ele príncipe, arrancou deixando a cabeça dentro da pele. Houve inflamação e em seguida formou-se vasta úlcera, que resistiu ao tratamento dos mais habeis facultativos."
Fonte: Antiqualhas e memorias do Rio de Janeiro, José Vieira Fazenda - Pg. 161.
Dom João, reclamava ao seu cuidador, que estava sofrendo com as feridas, e pedia por uma solução eficaz. O seu médico, por ter o conhecimento básico da ciência, lembrou que o iodo faz muito bem à feridas, e sugeriu que ele se banhasse em alguma praia próxima aos manguezais, devido à alta concentração desse elemento químico na natureza. No mesmo ano de 1817, o monarca adquiriu a Quinta do Caju, de Luiz José de Gouveia Freire, por ter uma das melhores praias pra tratar as úlceras.
E foi assim que Dom João, se tornou um dos precursores do banho de mar na cidade do Rio de Janeiro. Não demorou muito, para o monarca, erguer um pequeno palácio na curva da praia da Ponta do Cajú, na sua quinta real e contratar pessoas para embelezar aquele sítio. O local escolhido, descortinava uma bela vista para as ilhas de Bom Jesus e Sapucaia, Serra dos Órgãos e Enseada de Inhaúma. Vale lembrar que banho de mar não era um hábito comum entre os cariocas!
O monarca, chegava na Ponta de Cajú de carruagem, partindo da Quinta da Boa Vista.
Veja como era feito o banho de mar:
"Dom João mandou construir um palacete de frente à ilha de Bom Jesus, para tomar banhos salgados na Praia do Retiro Saudoso. O banho era feito assim, entrava o Rei num gamelão ou côcho de madeira, suspenso por meio de corrente de ferro, ligadas a turcos do mesmo metal, por onde descia até mergulhar na água para depois ser guindado. Tão complicado aparelho era destinado a proteger as pernas reais de ser beliscado por algum crustáceo ou molusco."
Fonte: História do Brazil, Pg. 253, 1958 - Vicente Costa Santos Tapajós.
Conforme a história acima, o "barril", servia pra proteger Dom João, de umas beliscadas de guaiamuns ou siris azuis, oriundos de Manguinhos. Por causa de pernas delicadas e sensíveis!
No mesmo ano de 1817, Dom João manda construir um palacete na sua quinta. E a construção custou aos cofres da coroa: 17 contos de réis! Ou seja, foi erguido por dezessete milhões de cruzados (17$000.000).
Ao ficar satisfeito com o curativo, e também, por ser um católico fervoroso, Dom João mandou erguer uma capela na sua quinta, dedicada a Santo Amaro, que intercede contra pernas inchadas e feridas. E o caminho primitivo que contornava as colinas de Cajú até chegar a Quinta Real, foi batizado como "Rua Santo Amaro do Cajú", devido à existência dessa capela. E pasmem, a capelinha ainda existia no início do século XX, em ruínas!
"A capela foi construida pelo rei , quando ficou bom de uma úlcera occasionada pela mordedura de um carrapato. Deste pequeno sanctuario logrei ver as ruinas em companhia do meu amigo Dr. Pereira da Silva. Das cousas de S. Christovam, sabe elle tudo de cór e salteado. Desse passeio realizado em 12 de Outubro de 1901 , guardo saudosas recordações.. ass. José Vieira Fazenda."
Fonte: Antiqualhas e memorias do Rio de Janeiro - Volume 93 - Página 280.
Após a cura, o monarca deixou de frequentar a sua casa de praia no Cajú. Então, quem ia se divertir lá, era o seu filho, o príncipe Pedro de Alcântara.
- O estopim da independência do Brasil.
Com a Revolução do Porto, D. João VI, foi obrigado pelas cortes portuguesas a deixar o Brasil e regressar à Portugal. E sentiu forçado a colocar o seu filho Dom Pedro, como príncipe regente no Brasil. Os políticos que lideraram a revolução, queriam voltar com o pacto colonial e recuperar a dignidade da metrópole, que ficara sem governante em Lisboa.
Enquanto a esquadra real deixava o Brasil com destino à Portugal, iam-se agravando aqui as divergências originadas de velhos conflitos de interesses e disputas de autoridade. Os políticos portugueses, com prepotência, não escondiam a intenção de reduzir os privilégios concedidos à Colônia pelo monarca D. João VI. Os brasileiros, incentivados pelo ideal de independência, dominante nas antigas colônias americanas, procuravam desfazer-se incômoda tutela das Côrtes e ver-se livres de agravos e humilhações.
Por isso que as cortes portuguesas, mandaram de surpresa o prepotente general Jorge Avillez, pra tomar conta do príncipe regente, Pedro de Alcântara. E oprimir qualquer brasileiro que ousar a se revoltar contra Portugal. Além disso, Avillez trouxe as ordens expressas de Lisboa, que a colônia deve reduzir ao máximo os gastos com coisas públicas, inclusive as despesas do príncipe no Brasil.
Devido ao clima de animosidade com Portugal, Dom Pedro, fez o possível para distraí-lo, convidando o general e sua esposa à jantares e passeios, mesmo com poucos recursos, pois teve apoio financeiro dos oficiais da infantaria. É aí que entra a Quinta do Cajú na história!
"Sua Alteza D. Pedro, desejando ampliar as suas distrações, inventou para seu divertimento e jantares na Quinta do Cajú, á custa dos pobres oficiais de 1° e 2° linha, o que acontecia duas vezes por semana. Os jantares corriam por conta dos oficiais, desde os tenentes, generais até os alferes, e para isso davam um mês de soldo, e quando não chegava para as despesas, faziam rateio entre si. As mesas eram postas na rua da Quinta do Cajú; e em baixo das frondosas mangueiras. Os brindes davam-se em honra do rei, do príncipe, da Constituição e das cortes do Lisboa. A esses jantares não iam senhoras, á exceção da princesa Leopoldina e da mulher do general Jorge de Avillez, de quem a princesa fingia ser amiga, pelas desconfianças que tinha, sentando-se ao pé dela, na mesa, e depois passeando com ela de braço, conversando e rindo."
Mesmo assim, não foi possível agradar o general, que cumpria rigorosamente as ordens das cortes. E acabou que o Avillez, resolveu mandar seu último aviso a Pedro, pedindo a sua volta à metrópole. No dia, 11 de janeiro de 1822, D. Pedro, acalmou os brasileiros declarando a sua intenção de ficar no Brasil, reforçando o que havia dito há poucos dias atrás, no dia 9 , o "Dia do Fico". Ao saber da desobediência do príncipe regente, o general movimentou as tropas, tomou posse do Morro do Castelo, e ameaçou dar tiros de canhões contra a cidade, para forçar a família real voltar à Portugal. O príncipe ficou desesperado e decidiu fugir, levando às pressas, a sua esposa Leopoldina e os filhos, para a Fazenda Real de Santa Cruz. Por causa dessa fuga, D. João Carlos, pegou ar frio na estrada, e adoeceu. O pequenino Príncipe da Beira, veio a falecer no dia 4 de fevereiro de 1822, perto de completar 1 ano de idade, portanto com 11 meses e dois dias. Foi sepultado no mausoléu do Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.
Após esse episódio, a princesa Leopoldina, ficou arrasada, e Pedro, passou muitos dias consternado com a perda do seu querido filho. A alteza real Leopoldina, nunca perdoou ao general português, e seu marido, chegou a acusar o Avillez, como o assassino de seu herdeiro. Após essa fatalidade, a família real, passou novamente seus dias na Quinta Real do Cajú.
"Logo que S A. Real soube do falecimento de seu caro filho, sobre o corpo do qual já moribundo pouco antes derramara imensas lagrimas, não podendo sofrer os golpes continuados de uma dor que mais se exacerbava com a presença do objeto malogrado da sua ternura, e com as disposições que se tomavam para o perder de vista para sempre, com prudentíssimo acerto resolveu passar-se com a real família para a sua quinta da Ponta do Cajú."
Em setembro do mesmo ano, foi declarada a independência do Brasil, desfazendo todo o vínculo com Portugal, com a assinatura da Imperatriz Leopoldina. E o imperador, colocou na sua constituição, a liberdade dos escravos. Porém, a situação da escravidão, não foi resolvida, porque os políticos brasileiros não deixaram. A maioria dos nossos parlamentares, infelizmente eram escravocratas, inclusive os liberais.
BRASIL IMPÉRIO - 1° REINADO
- Imperial Quinta do Cajú.
Após a independência do Brasil, a Quinta Real, passa finalmente a se chamar de "Imperial Quinta do Cajú". O imperador frequentava a quinta, para se distrair com folguedos, passear nas brancas areias da praia de Caju, nadar em suas águas cristalinas que refletia o azul do céu, pescar e gozar da bela vista da baía de Guanabara. Era possível também, que Pedro tenha levado as suas filhas pequenas, para brincar na quinta do Cajú, com a companhia das suas esposa Leopoldina. E mesmo o imperador gostando de águas mais batidas, como as praias do Flamengo e da Glória, ele não deixava de frequentar Caju.
Nessa época, a imperial quinta, estava em seu auge e esplendor! Pois já havia sido concluído; o serviço de paisagismo, executados pelos jardineiros contratados pela coroa portuguesa. O paisagista, abriu alamedas e plantou diversas mudas de árvores. Além disso, deixou flores cheirosas pelos caminhos, para tornar o ambiente ainda mais agradável. E as mangueiras, provavelmente já eram existentes na quinta, desde antes da família real. A beleza da quinta imperial, anos mais tarde, iria atrair pessoas elegantes, desfilando em suas alamedas, para admirar lindas vistas da cidade.
Certamente, o imperador levava a Domitila e outras mulheres na sua Quinta do Caju, para viver os seus romances "proibidos". Pois a quinta da Ponta do Caju, era próximo ao Palácio de São Cristóvão, e suficientemente afastado dos olhos de sua querida esposa.
A petulância das amantes, traria uma enorme angústia à imperatriz Leopoldina que amava o seu marido, mesmo sabendo que a fidelidade não estaria garantida num casamento de estado. Em 1826, Leopoldina morre, e Pedro, se sentiu muito desmoralizado com a perda da sua primeira mulher. Nos anos seguintes, o imperador manda o emissário Marquês de Barbacena, na Europa, para arrumar uma nova esposa.
Após Dom Pedro se casar com a Amélia Leuchtenberg, era possível que o imperador tivesse passeado com sua adorável mulher na Quinta do Caju. Mas ela, preferia passar os seus dias na fazenda do Córrego Seco, futura Petrópolis. A Imperatriz Amélia, era praticamente uma nova mãe para os filhos de Pedro, educava e cuidava deles.
- Outros eventos na quinta imperial.
Teve uma época no primeiro reinado, que ficou marcado por intrigas entre Dom Pedro, os Andradas e a maçonaria. O imperador, sentiu-se magoado com seu afastamento da carbonária, quando José Bonifácio se tornou Grão Mestre. E por causa disso, resolve dissolver com violência a "Grande Oriente do Brasil", fechando as lojas maçônicas pela a cidade. Logo em seguida, ao esfriar a cabeça, tentou agradar maçons, ornamentando um pequeno templo provisório na sua Quinta do Caju. Porém os carbonários, ignoraram o monarca, e foi apenas um pequeno público prestigiá-lo.
"As medidas violentas do antigo governo contra a maçonaria, fizeram com que ficassem interrompidos seus trabalhos. Si por intrigas politicas dissolvera Pedro I o Grande Oriente e o Apostolado reconheceu mais tarde que obrara com precipitação e injustiça. Quis reparar o que fizera, mandando decorar um templo na sua quinta do Cajú."
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - 1885.
Com as tensões políticas no Brasil, Pedro de Alcântara, começou a frequentar menos a Quinta do Caju. E o parque da Quinta do Caju, começou a receber os seus primeiros turistas, por não existir restrições na entrada.
- Abdicação do Imperador.
No dia 7 de abril de 1831, resolve abdicar a favor de seu filho, com apenas 5 anos, para governar o Brasil. E claro, tudo isso foi tramado pelos políticos, que não gostavam que o imperador fizesse o uso constante do "Poder Moderador". Dom Pedro regressa à Portugal, devido à sua fraqueza emocional, e por não saber se impor. E o povo por sua vez, ficou sem entender o porquê que o soberano largou o país. A partir deste ponto da história, Dom Pedro I, abandona de vez a sua Imperial Quinta do Caju.
PERÍODO REGENCIAL
Após a abdicação de D. Pedro I, assume a regência provisória: o brigadeiro Francisco de Lima e Silva e os senadores José Joaquim Campos e Nicolau Campos Vergueiro. O Sr. José Bonifácio, ficou encarregado de cuidar da educação do pequeno príncipe e suas irmãs. Nesse rolo, havia três partidos: os liberais-republicanos, que queriam dar mais autonomia a cada província, os moderadores que queriam D. Pedro II como monarca com poderes limitados, e os restauradores que queriam a volta de D. Pedro I.
- Infância do imperador D. Pedro II.
Para que o Império e o imperador Dom Pedro II, passasse uma imagem mais séria, e morais elevadas, os tutores, fizeram de tudo para que o pequeno Pedro tivesse uma educação esmerada. E é por isso que Pedrinho, teve uma criação rígida na infância. Além disso, o Bonifácio não deixava o Pedrinho brincar no palácio, e muito menos, fora da Imperial Quinta de São Cristóvão. Queriam que dom Pedro II, fosse bem diferente do pai, fazendo ele uma pessoa regrada, controlada e ilustrada.
Mas teve um dia que D. Pedro II, ainda garoto, foi passear na Quinta do Caju!
"No mesmo jornal Correio Official, de sexta-feira 27 de Dezembro, vem a descrição do passeio que pela primeira vez fizeram as crianças imperiais a Botafogo, acompanha-las pela regência, até então enclausuradas em S. Cristóvão, pelo Sr. José Bonifácio, que as privava das mais insignificantes distrações; e a descrição de outro passeio á quinta da Cajú, indo também, por convite do imperador, o barão Dayser, ministro d'Áustria. Neste passeio, de grande divertimento, onde se efetuou uma pescaria, em que assistiram a regência, o ministério, muitas pessoas importantes da corte, foi um dia de contentamento rira as crianças, porque com maior largueza brincaram, passearam, e colheram flores, voltando eles completamente satisfeitos para palácio, e desassombrados dos sustos em que viviam sob a tutela do Sr. José Bonifácio."
Fonte: A independência e o império do Brazil, Alexandre J. Mello Moraes, 1877 - Pg. 164.
- Revoltas contra a Regência.
Enquanto a regência governava com as mãos de ferro, surgia pelos cantos da cidade, os rebeldes que conspiravam contra a regência. E a Quinta Imperial do Caju, foi alvo dos anarquistas brasileiros e estrangeiros. Este grupo de agitadores, fez a quinta ser o local de desembarque de cartuchos para usa-los em conflitos armados. A governo tomou as devidas providências e resolveu a situação:
"O Brasil em 1832 e 1833, tornou-se o centro dos conspiradores, servindo-se dos portuguezes e outros estrangeiros e vagabundos, para anarchisar o paiz. A revolução contra a Regência estava planejada para o dia 15 de Dezembro. O cartuxame preparava-se na Quinta da Ponta do Cajú, tendo sido distribuido na noite do dia 13. O armamento foi desembarcado em S. Christovão, de bordo de um navio estrangeiro. O governo era inteiramente mudado, como todos os funccionarios, ficando José Bonifacio e seus irmãos na administração do Estado, e os caramurú, nos empregos publicos até a chegada de D. Pedro I. Mas tudo foi frustrado, pelas promptas providencias do governo da Regência."
Fonte: A independência e o império do Brazil, Alexandre J. Mello Moraes, 1877 - Pg. 154.
- Chegada do Príncipe de Joinville ao Brasil.
No dia 3 de janeiro de 1838, chegou ao Rio de Janeiro, François Ferdinand Philippe Louis Marie d'Orléans, o príncipe de Joinville, e esteve apenas de passagem. Ao visitar o imperador para conhecê-lo, acabou se sentido atraído pela alteza real, Dona Francisca, a irmã de Pedro.
O imperador, tinha 13 anos nesta época, e era um menino ansioso, curioso e muito inteligente.
Após a sua primeira vinda ao Brasil, François, iria visitar o Rio outras duas vezes até se casar com a princesa do Brasil. Mas antes de se casar, o príncipe transportava na costa brasileira, vindo da ilha de Santa Helena, os restos mortais de Napoleão Bonaparte, para sepulta-lo na França no ano de 1840.
O príncipe François d’Orléans, era o terceiro filho do Rei Luís Felipe I da França, que foi forçado a se abdicar em 1848, devido a crise em seus país.
Enquanto passava a sua estadia no Brasil, François, escreve em seu diário, sobre o primeiro encontro com a família imperial, com um toque de sarcasmo. E descreveu o jovem imperador! Segundo ele, era louro e miúdo como a família austríaca mas com modos de um homem de 40 anos.
"Desembarquei para ir à missa e, depois do almoço, fui à ponta de acaju para ver os preparativos de nossa pequena guerra."
- Simulação de guerra na Quinta Imperial.
"S. M. I. assistiu anteontem ao exercício de fogo, manobras e ataques simulados, que a guarnição da nau francesa Hercules, em obséquio ao mesmo augusto senhor, foi fazer na quinta do Caju e ilha adjacente. As seis horas da tarde, tendo-se formado na ilha em duas divisões toda a força, composta de 500 homens, embarcaram os que eram destinados ao ataque, e tomaram posição os que deviam defender o terreno. Poucos minutos depois, apareceu S. M. o Imperador, acompanhado de suas augustas irmãs, no escaler do Príncipe de Joinville, e principiou o ataque da parte do mar. As lanchas, armadas com uma peça e cheias de gente, romperão o fogo, e aproximando-se á terra. A marinhagem, coberta pela artilharia do mar, saltou a água e com toda a presteza foi formar-se em linha no cais, debaixo de vivíssimo fogo de mosquetaria que contra ela dirigia a tropa que defendia o desembarque. Apenas se postou, travou-se uma renhida peleja, e, tendo avançado em atiradores alguns dos agressores, retiraram-se os defensores em ordem para o cume da colina, onde tomarão posição em um campo entrincheirado que ali havia. Então formou-se na praia a gente que tinha efetuado o desembarque, e, depois de manobrar por algum tempo, ouviram-se as caixas tocando por algum tempo.
Viram-se logo correr os marinheiros pelo morro acima à "marche-marche". O fogo era vivíssimo de ambas as partes, mas, em menos de cinco minutos estava o campo cercado e escalado, e, tendo a tropa de terra capitulado, desceu o morro e embarcou, ficando os agressores a posse da ilha (Dos Ferreiros). S. M. I, que havia saltado em terra no momento em que se postava a força destinada ao ataque, e que tomou tanto interesse no divertimento que até se empenhou no combate, dirigia-se então para hum elegante pavilhão que se havia levantado na ilha, ornado com as bandeiras brasileira e francesa, e onde se serviu uma elegante merenda. Terminado o pequeno banquete, o Imperador e suas Augustas Irmãs, entretiveram-se por algum tempo com S. A. R. e com as pessoas que os acompanhavam até que escureceu, e então , embarcando de novo a marinhagem, dirigia-se S. M. I. com o seu ilustre hospede para o palacete da quinta, a fim de assistir ao ataque noturno do monte que domina a ponte dos banhos. A tropa, que tinha anteriormente evacuado a ilha, havia-se entrincheirado no alto do morro. Logo que chegarão os escaleres rompeu o fogo, que durou perto de meia hora, no fim do qual desembarcou a marinhagem e deu assalto ao monte que foi por muito tempo disputado, e cuja guarnição, não querendo render-se, fez voar o castelo em que se tinha entrincheirado. Todo o fogo do ataque e da defesa era de artifício. Foguetes, bombas e pistolas, estalavam de todos os lados: Na ponte, nas lanchas e na montanha E iluminavam brilhantemente o céu, o mar e a quinta.
O efeito que produzia por entre as árvores e o mato, e mormente sobre a agua, coberta de escaleres apinhados de gente, era maravilhoso, e oferecia aos olhos de milhares de espectadores uma vista sumamente pitoresca. Terminado o fogo, reunia-se toda a força, e precedida por uma numerosa e mui completa banda de musica e de muitos archotes. A banda veio a formar-se em frente do palacete, e ali manobrou admiravelmente por algum tempo e desfilou duas vezes em continência. Eram quase dez horas, quando a tropa se retirou. O imperador e suas augustas irmãs, se recolheram ao palácio da família Imperial, muito satisfeitos com o divertimento a que tinha-se se dignado assistir. A banda de musica da nau tocou lindíssimas peças de música, e entre elas o hino nacional, composto pelo Sr. Francisco Manoel da Silva, que foi executado com o maior primor.
Há muitos anos que não vimos no Rio de Janeiro, tão grande concurso de gente como havia anteontem na ponta do Cajú. Mais de 200 embarcações cobriam as suas águas, e as praias adjacentes e a Quinta Imperial estava apinhadas de povo. Ainda assim muitos deixarão de ir, por falta de meios de condução. Sentimos ter de acrescentar que o prazer que animava todos os espectadores, foi anuviado por um acidente desagradável. Pouco depois de ter começado o ataque, comunicou-se o fogo a uma porção de pólvora que havia numa lancha, e ficarão feridos alguns marinheiros. S.A.R. o príncipe de Joinville dignou-se presentear o artista brasileiro, que abriu a medalha alegórica de que ontem falamos, com hum rico anel, no qual se divisa dentro de hum círculo de brilhantes, em hum campo azul, uma coroa real e, por baixo, as iniciam P. J."
Como podem ver a reportagem acima, o evento foi grande! Com direito a bandas, banquete e muitos fogos de artifícios, tudo isso na Quinta do Caju. Dom Pedro II, nesta época, gostava de brincar de soldado. E o povo que esteve presente, ficaram encantados com esses festival de luzes que há anos não havia na cidade. O último "festival" de fogos no Rio, foi na época do nascimento do Príncipe da Beira, o João Carlos, ou seja, em 1821.
BRASIL IMPÉRIO - 2° REINADO
Conforme a história acima, percebemos que desde a infância Dom Pedro II, ia na sua "Imperial Quinta do Cajú" se banhar, passear, divertir, pescar e respirar os ares salubres da região. Com o golpe da maioridade, o imperador ficou cada vez mais ocupado para administrar o Brasil, e só ia na Quinta do Caju, em determinadas épocas do ano. E continuou frequentando a Praia do Caju, até suas barbas começarem a ficar grisalhas.
Vejam o relato do Visconde de Taunay, sobre as memórias de juventude do imperador, e sua presença na quinta do Caju:
"Costumava desenhar e pintar. Apreciava imensamente a música clássica e ouvia a Imperatriz – com sua melodiosa voz italiana – executar árias ao piano. Os banhos de mar eram tomados na Ponta do Caju. Dançava nas recepções e era disputado pelas damas pois era uma honra valsar com o Imperador. Sobre o teatro dizia: “ É o meu divertimento predileto, dramático ou lírico. Gosto de ir aos teatros populares para ver o povo. E sempre instrutivo e divertido."
Fonte: O imperador magnânimo: aspectos da figura de Dom Pedro II, Alexandre M. Delgado. p. 44.
Após o último incidente com as manobras militares, ocorrido em julho de 1841, o imperador, começa a deixar de fazer simulacro de guerra no lugar.
Desde o início do império, a responsabilidade de preservar a quinta, estava a cargo dos administradores. E mesmo assim, havia desleixo por parte dos administradores, e Dom Pedro, parecia indiferente quanto à situação do seu parque. Em alguns momentos, os prédios da quinta, tinha ares de abandono por causa das intempéries. E claro, o imperador teve que liberar verbas de vez em quando, para fazer reparos na sua Quinta do Caju.
Como nos velhos tempos, uma pequena parte da quinta imperial, ainda estava sendo arrendada para produzir produtos agrícolas como abacaxis e outras frutas. Nas bandas do casarão, que estava de frente à ilha dos Ferreiros, haviam arrendatários, que em alguns momentos, lidava com a pescaria ou outros negócios. Ainda assim, os superintendentes das quintas, achava que a "Quinta de Cajú" tinha pouco rendimento financeiro. E desejavam tornar mais útil como a próspera "Fazenda Imperial de Santa Cruz", que gerava um grande retorno aos cofres da coroa imperial. É por isso que a quinta, passou a ser arrendada aos capitalistas tempos depois, e isso, deu início a industrialização do bairro.
Em 1847, o administrador da quinta, era o Cônego Cesário Fernandes da Torre, mas, ele criticava a falta de segurança na quinta, pois era para ser um lugar tranquilo para os funcionários e arrendatários. Por volta de 1850, Cesário, socorreu muitos enfermos da epidemia da febre amarela, levando os doentes na enfermaria do Murundú, onde está situado o atual cemitério do Caju, e orou por estas almas. Este senhor, reclamava que a quinta não havia cercas, tinha invasão de pessoas, animais e até mesmo escravos fugidos. Os pescadores às vezes, desembarcava na quinta para espichar as pernas e explorar a quinta, como se fosse "terra de ninguém".
Porém o monarca, manteve a sua "Quinta do Cajú", um parque de passeio público. E não resolveu os problemas apontados pelo cônego, como a ausência de muros, e falta de preocupação em manter o espaço privado. Não demorou muitos anos, Cesário, resolve deixar a administração. Após 1856, Candido José de Araújo Vianna Junior, o filho do visconde de Sapucaí, assume a administração da Imperial Quinta do Caju.
A dificuldade de conservar a quinta, se deve por causa de uma lei que limitava os gastos do monarca. É por isso que o parque, não tinha toda aquela pompa e luxo. A beleza paisagística, foi herdada dos tempos de D. João VI, e já era o suficiente para encantar os visitantes.
Como dizem nas histórias oficiais, de dezembro à março, o nosso imperador D. Pedro II, ia para o seu palácio de verão, em Petrópolis, fugir do calor da capital. O monarca, amava temperaturas baixas, e ia na praia da sua Quinta do Caju, durante o inverno, de preferência entre agosto e setembro. As águas da baía ficavam mais frias, devido a queda das temperaturas. Neste tempo, fazia-se 10 graus facilmente, pelas manhãs e as noites, os orvalhos eram frequentes e a máxima não passava muito de 24 graus.
Era possível também, que o Imperador tivesse levado as Princesas Isabel e Leopoldina, ainda meninas, para tomar banho na praia do Caju. E elas aproveitavam parte do dia, na quinta imperial, curtindo a natureza.
Na fase adulta das princesas, quem precisava mais banhos de mar, era a Princesa Isabel, devido à sua dificuldade de engravidar. O médico sugeriu que ela precisava de hidroterapia, mas a preferência dela era as praias do Flamengo e de Russel. Talvez, ela tenha dado uma mergulhada no Caju, antes de fazer 30 anos de vida, pra tratar a infertilidade.
"O médico de Dom Pedro II, Pereira da Cunha, recebe uma carta do soberano, em janeiro de 1879, que agradece as precauções tomadas com crianças imperiais quando estas tomaram banho de mar."
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - 2007.
- Aumento da população.
Na década de 1850, a Imperial Quinta, começou a sentir mudanças em seu entorno. As estradas foram melhoradas pra ser carroçável e facilitar o acesso à Ponta do Caju. A população do bairro cresceu, passando a ter dezenas de casas nas ruas de Santo Amaro, Retiro Saudoso e na Rua Praia de Caju. Note que esse mapa abaixo, mostra a "Ponta Sul" de Caju bem povoada. E certamente, já existia a casa do Comendador Tavares Guerra, que viria a ser confundida com a casa de banho de Dom João VI. Nesta época, os serviços de ônibus à cavalos, começava a funcionar na região, o que faz aumentar as visitas do povo na Quinta Imperial do Caju.
Em 1855, os moradores reclamam que a capela da quinta imperial, a de Santo Amaro, está acabada e que não há missas no bairro. Segundo os testemunhas da época, acreditam que o administrador da quinta tenha botado a igreja abaixo, deixando apenas as ruínas. Era possível que o imperador tenha autorizado, mas não sabemos o motivo.
- Piqueniques.
- Hospedaria dos Imigrantes.
Para atender os pedidos de uma associação, que lidava com a colonização de imigrantes no Brasil. No dia, 14 de Setembro de 1857, o governo escolheu a Quinta do Caju para hospedar imigrantes.
Com a lei aprovada, D. Pedro II, cede parte da sua quinta para a construção da hospedaria dos imigrantes estrangeiros.
"Repartição Geral das Terras Publicas. N.° 311.- Aviso N.° 2 de 14 de Setembro de 1857.
Ao Presidente da Associação Central de Colonização. Aprova a escolha da Imperial Quinta do Cajú para hospedaria de emigrantes. Illm. e Exm. Sr.—Fica aprovado, na forma do art. 13 do contrato de 26 de Março ultimo, a escolha da Imperial Quinta da Ponta do Cajú, para local das hospedarias de emigrantes, que a Associação Central de Colonização pelo mesmo contrato se obrigou a estabelecer. Deus Guarde a V. Ex.—Marquês de Olinda.—Sr. Marquês de Mont'Alegre."
E o imperador foi parabenizado nos jornais, pela associação central da colonização:
"S. M. o Imperador acaba de dar uma demonstração altamente significativa do sua solicitude e empenho pela causa da colonização, cedendo a associação central do colonização, durante 60 anos, o por um modico arrendamento, o parque do sua quinta do Cajú, para o estabelecimento do uma hospedaria de colonos e imigrantes. Em nenhuma parto por certo se poderia encontrar uma localidade que oferecesse, reunidas, tantas circunstancias favoráveis. A pureza do clima sempre refrescado pelas brisas do mar, copadas arvores e extensas alamedas para suavizarem os rigores da estação o servirem do recreio, a facilidade de comunicações a vapor quase todas as horas, e uma hospedaria semelhante á que a associação já possui na ilha do Bom Jesus, com o tratamento conveniente o superior mesmo á condição de muitos de seus hospedes, proporcionam aos colonos todos os cômodos e vantagens possíveis, e uma lisonjeira perspectiva do pais que os acolhe, e cuja indústria se destinam eles a fecundar e a engrandecer pelo seu trabalho, pelos seus capitais e inteligência. Não podemos portanto deixar de aplaudir este testemunho irrefragável da alta munificência imperial em prol da colonização. E receba a associação central de colonização os nossos mais sinceros emboras, pelos resultados que já tem alcançado, o pelos que se devem aguardar de seus esforços no desempenho da patriótica empresa de dotar o pais com os braços de que tanto necessita."
Fonte: Diário do Rio de Janeiro, 15 de Dezembro de 1857.
- Primeiras indústrias.
No ano de 1857, o governo aprovou a instalação de um grande empreendimento industrial na Quinta Imperial do Caju. Em 1858, a empresa constrói os seus galpões na Ponta do Caju, perto da casa de recreio da família imperial. Esta empresa, foi um dos mais notáveis estabelecimentos industriais da cidade, pois era considerada uma das maiores fábricas de materiais de construção do Município Neutro. E esse negócio, começou produzindo materiais úteis para acabamento de obras. Ao passar dos anos, essa empresa trocou de diretores, e também mudou de nome. Nas próximas décadas seria conhecida como "Companhia Manufatora". "Empresa Edificadora", e por último como "Companhia Construtora ou Edificadora".
"Na década de 1870, aumentou a produção, para se adaptar às necessidades do mercado na época. E foi capaz de produzir vagões de trem e consertar embarcações à vapor, no final do século XIX. O endereço da fábrica, era Rua General Gurjão n° 4, e ficava no lado esquerdo do portão da Quinta Imperial."
Fonte: História do Rio de Janeiro: do capital comercial (..), Eulária Maria Pg. 175 / E outras fontes.
Quando a empresa passou a ser chamada de apenas de "Edificadora", teve uma longa direção do Comendador Francisco Casimiro Alberto da Costa, um capitalista paulistano, conhecido vulgarmente como "Mãozinha" ou "Maneta". O apelido era em razão de um defeito físico de nascença, defeito que não o impedira, aliás, de pôr a mão em muito dinheiro? Em breve saberemos!
- Banhos de mar dos imperantes!
Na década de 1870, Dom Pedro e sua esposa Tereza Cristina, ainda tomavam banhos salgados por recomendações médicas na Quinta do Caju. E faziam isso, durante a alvorada, sem chamar a atenção da população do bairro. A sua quinta, já estava com empreendimentos industriais, e o imperador, ia aproveitar a sua praia do mesmo jeito. Não sabemos se o monarca, ficava incomodado com a fábrica descaracterizando um pouco o seu parque. Mas nesta época, o palacete, era apenas um lugar onde o imperador fazia as suas necessidades fisiológicas, antes ou após os seus banhos na praia do Caju.
Vejam as memórias de João do Rego Barros, quando era um jovem cadete que servia à família imperial.
- João esteve na Ponta do Caju, em setembro de 1874.
"Costumavam os soberanos , nessa épocha do anno, tomar banhos de mar. Eramos obrigados , afim de acompanha-los, a accordar ás 4 horas da manhã, tendo-nos deitado muitas vezes á 1 hora da madrugada. O banho era na Ponta do Cajú, em uma chacara onde hoje se acham, se não me engano, as usinas da Edificadora. Ahi chegando, os cadetes e as seis praças ficavam no portão, e o capitão acompanhava os imperantes até o mar, para o qual davam os fundos da propriedade. Para o banho, nenhum semanario acompanhava os imperantes, e a guarda era reduzida ao pequeno piquete, não obstante a presença da imperatriz. Meia hora depois, voltava o imperador dando o braço á imperatriz e a pe faziam um grande percurso acompanhados do capitão. O carro ia atraz com os cadetes e o piquete a cavallo. Em um ponto, sempre o mesmo, tomavam os soberanos o carro. Ahi também, diariamente se encontrava um senhor bem vestido e de maneiras correctas que os cumprimentava e respeitosamente os convidava para que aceitassem qualquer coisa, o imperador agradecia e recusava sempre."
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Pg. 83 - 1927.
Observação: Os semanários são os funcionários da "Sua Majestade Imperial", e faziam parte da nobreza brasileira. Exemplo: Os marqueses de Itanhaém e Caxias, eram semanários do imperador. Entravam no palácio para acompanhar em comitivas, informar o imperador sobre a situação política ou até mesmo perguntar se o monarca precisa de ajuda em algo em sua residência.
- Mudanças de nome das ruas.
No mesmo ano de 1874, a Ilma. Câmara, resolveu mudar o nome do logradouro, por ter uma rua de igual nome no Catete, e também, por esse caminho ser muito irregular. A Câmara determinou que a divisão da rua, seria feita em duas partes, em homenagem aos dois generais 'heroicos' da guerra do Paraguai: General Sampaio e General Gurjão. Foi assim que começou os apagamentos de referências históricas no bairro!
"Começa na praia do Caju e termina na rua do General Sampaio. Antigamente chamavam-se ambas (General Gurjão e General Sampaio) Santo Amaro do Cajú: como porem, sua direcção fosse muito irregular e, tambem houvesse, no Cattete, outra via de igual nome, determinou a Ilma. Camara em sessão de 16 de Novembro de 1874, que se dominasse General Sampaio a parte que comunicava a praia de S. Christóvão com a do Retiro Saudoso, e General Gurjão a parte restante. N'esta rua esta a antiga quinta de banhos do rei D. Joao VI, hoje abandonada e arrendados os terrenos a companhia, Manufactora, que ahi tem suas officinas; a empreza Gabrielli, que tambem ahi construio seus depositos; e a estação inicial da estrada de ferro do Rio de Ouro. Rio, Outubro de 1878. O encarregado da numeração, J. C. Cavalcanti."
Fonte: Nova numeração dos prédios da cidade do Rio de Janeiro, C. Cavalcanti - 1878.
- Início da decadência da bela Quinta Imperial!
Em 1875, surgiu mais uma situação, que iria afetar gravemente a Quinta do Caju! Nesse ano, houve um sério problema da falta de água na cidade do Rio de Janeiro. E o imperador, mais uma vez, decidiu ceder o espaço da sua quinta, pra instalar uma ponte para o desembarque dos materiais que seriam usados nas obras da adutora da Rio D'Ouro.
A decisão do monarca, de instalar os depósitos na sua quinta, foi motivada, para evitar despesas com as compras de terrenos privados, evitando assim, a indenização dos proprietários, e para acelerar o começo das obras. Nesse momento a Quinta do Caju, começa a diminuir de tamanho, e perder a sua relevância paisagística e encanto de outrora. Enquanto o imperador viajava pelo país, ou no exterior, a Princesa Isabel, assumia a regência, para inspecionar as leis que foram aprovadas para as obras da nova adutora.
No ano de 1876, a Companhia Manufatora, expandiu os seus galpões para mais perto da antiga casa de banho de Dom João VI, que era também, a casa de recreio de Dom Pedro II. A expansão, se deve, por causa do aumento da demanda da fábrica, para atender a empresa do engenheiro Antonio Gabrielli. Logo em seguida, a empresa, passou a atender as oficinas da Rio D'Ouro, produzindo os vagões de imbuia.
Note que existia um pequeno píer de embarque e desembarque de frente ao palacete, e um outro píer, na parte oriental da imperial quinta.
- Instalação da Estrada de Ferro Rio D'Ouro.
Devido ao problema já mencionado anteriormente, a princesa, em nome do pai autoriza as obras da Estrada de Ferro Rio D'Ouro, na Quinta Imperial. O contrato foi celebrado em 22 de Fevereiro de 1876, para a execução das obras do abastecimento da agua á capital do Império.
No dia 11 de agosto de 1876, o governo concede ao inglês de ascendência italiana, Antonio Gabrielli, os terrenos da Imperial Quinta do Caju. Com o propósito de construir na terreno da quinta: pontes, oficinas e depósitos. Para aumentar a curiosidade, Antonio, era quase um desafeto para o Barão de Mauá, pois era um empreiteiro enviado pelo Banco dos Rothschilds, que eram os suspeitos de sabotarem os seus estaleiros da Ponta D'Areia, em Niterói.
Aqui está a lei, aprovando a construção:
"N. 36. 2ª Secção. Directoria das Obras Publicas. Ministério dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas. Rio de Janeiro, 11 de Agosto de 1876.
Communico a Vm. que Sua Alteza a Princeza Imperial Regente, em Nome do Imperador, Attendendo ao que requereu Antonio Gabrielli, por seu procurador Stanley Peter Youle, houve por bem conceder-lhe a faculdade de construir nos terrenos da Imperial Quinta do Cajú, pontes, officinas e deposito de materiaes, necessarios ás obras do abastecimento d'agua a esta capital, de que é emprezario ; convindo que taes obras não prejudiquem as de conservação do arvoredo e banheiro alli existente, conforme se acha estipulado no contracto de 17 de Dezembro de 1873 celebrado com a Companhia Manu-factora de materiaes, devendo para. esse fim entender-se com a referida Companhia .
Deus Guarde a Vm. Thomaz José Coelho de Almeida. Sr. Inspector Geral das Obras Publicas da Côrte."
- Uma estação na Quinta Imperial?
Em 1884, foi aberta a estação inicial da Quinta do Cajú, e as viagens entre a capital imperial até Jacetuba, ao pé da serra do Tinguá, foram liberadas ao público. Nos anos 30, do século seguinte, a estação foi desativada, e a linha de trem, foi deslocada para a estação Alfredo Maia.
- Reforma da casa de banho.
- Outras curiosidades!
- Golpe Militar de 1889.
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Com a proclamação da república, a Quinta Imperial do Caju, foi confiscada da família imperial e passa a fazer parte dos bens do governo republicano. E o nome "imperial" foi retirado, deixando apenas a antiga denominação: 'Quinta do Caju'. Avaliando o relatório abaixo, dá para perceber, o desprezo do governo republicano, com a memória do Brasil Império e Colônia. Pois os funcionários do governo, sugeriram a demolição das ruínas deste terreno público, sob o pretexto de estarem em mau estado de conservação. E claro, as empresas existentes ali, eram os únicos itens considerados valiosos, em detrimento da nossa história. Dos cento e trinta e tantos mil metros quadrados, foram reduzidos para quase cem mil, devido aos terrenos cedidos para empresas.
Só as oficinas da Rio D'Ouro ocupou, mais de 20 mil metros quadrados!
- Relatório dos Próprios Nacionais.
Avaliação da Quinta da Ponta do Caju:
"Na Quinta do Caju acha-se a estrada de ferro Rio do Ouro, de propriedade do Estado: Com o depósito de material de canalização das águas. Do total dos terrenos que foram arrendados à Emprêsa Edificadora. e que constam da planta junta. limita ela a sua proposta para a compra da parte que se acha aquarelada a tinta verde, com as construções na mesma compreendidas. Os terrenos medem. na parte do morro. sessenta e dois mil novecentos e setenta metros quadrados; em terrenos alagadiços. que estão sendo aterrados pela Emprêsa: quatorze mil quinhentos e quinze metros: e em terrenos que se conservam brejos e alagadiços. vinte oito mil cento e trinta metros: no total de cento e cinco mil e seiscentos metros quadrados (105.600.12 m²). As construções compreendidas na parte que se avalia (salvo as oficinas), são, umas de madeira de valor muito insignificante. E outras em ruinas, que impõem o seu desmancho forçoso. Atendendo a que a estrada de ferro Rio do Ouro, cortando, como corta. Os terrenos em forma irregular. tirou-lhes grande parte de seu valor privando a empresa da maior parte de sua frente; Atendendo a que os terrenos em sua grande parte são alagadiços e de atérro muito dispendioso. Sendo preciso pelo lado de sudoeste desapossar o confrontante da posse indébita das marinhas. que. tratando-se de próprios nacionais. não foi em tempo obstada; Atendendo a que as oficinas da Emprêsa Edificadora são de utilidade pública e de grande futuro para o país por isso que quando concluído o projeto geral. Pode emancipar-nos da importação de material rodante para estradas de ferro (vagões e carros): Atendendo a que a empresa necessita dos terrenos para montagem de suas novas oficinas e depósitos. dependências e moradia de empregados. o que se reconhece à primeira inspeção: Avaliamos o terreno com o total de 105.600 metros quadrados em 105:600$000.
Capital Federal, 5 de novembro de 1890.
Teotônio Santiago de Miranda.
Domingos Sousa Pereira Botafogo."
- Tentativa de venda da Quinta do Caju.
- Revolta Armada
Em 1893, durante à revolta armada, o lado da velha quinta do Caju, serviu de ponto estratégico para o combate. As forças rebeldes, instalaram um holofote na frente do casarão. Tudo isso, para orientar os navios de guerra na neblina ou à noite, logo em seguida, a guarda nacional reconquista a Ponta do Caju. Era possível que o casarão, tenha sido um pouco avariado pela revolta, e sem grandes danos. Mas o casarão, já se encontrava em pleno estado de abandono, desde os tempos finais do império. E mesmo assim, tinha gente morando lá.
Vejam os detalhes da guerra na Ponta do Caju!
"Cerca das 10 horas da noite, os revoltosos quizeram apossar-se de umas barcaças de café que se achavam na ponta do Cajú, e desse violento combate, que durou duas horas, entre a guarda nacional, que defendia esse ponto, e os assaltantes."
Fonte: Historia da revolta de 6 de setembro de 1893, Pg. 83.
- Um turista estrangeiro em Caju?
"To strolling through the world famous avenue of royal palms at the Jardim Botanico , to view which a celebrated writer has pronounced well worth a visit to Brazil , or to gathering shells by the white shores of Copacabana or Ponta do Caju."
Tradução:
"A passear pela mundialmente famosa avenida das palmeiras reais no Jardim Botânico, para ver que um famoso escritor, considerou que vale a pena uma visita ao Brasil, ou colher conchas nas praias brancas de Copacabana ou Ponta do Caju."
Fonte: Ypiranga: A Love Tale of the Brazils, Pág. 66 / Charles F. Markell - 1897.
PROGRESSO E DEGRADAÇÃO
Em 1910, Caju, já era considerado um bairro de caráter industrial. Com o aumento da população, os capitalistas, trouxeram mais empreendimentos para a região. A oferta de emprego ficou alta, e acabou atraindo muitas pessoas para morar no lugar. Algumas vilas proletárias, foram construídas para dar moradias decentes para os trabalhadores. Mas nem tudo eram flores, sempre tinham pessoas desempregadas, e com direitos à moradia negados.
- Novas fábricas
Na extremidade da Ponta do Caju, junto à Companhia Construtora, entre a rua General Gurjão e o mar, foi construída uma outra fabrica denominada "Bomfim" (1905), pertencente á Companhia América Fabril. Era equipada com 6.400 fusos, 260 teares e 450 operários. Além dessa fábrica, tinha outra perto desta, que também foi erguida no terreno da antiga Quinta Imperial.
FAVELIZAÇÃO
Já não bastasse os problemas sociais dos próprios brasileiros, vieram muitos portugueses pobres ao bairro, que tentaram recomeçar suas vidas no Brasil. A boa parte deles, eram de Póvoa de Varzim, e outras cidades litorâneas de Portugal. Os novos ocupantes, aproveitaram o fato da Quinta do Caju ser um terreno público, criaram uma colônia de pescadores no lugar, fazendo palafitas e choupanas bem em cima da praia da Ponta do Caju. Alguns anos mais tarde, passou a ser chamada de "Colônia Z-5".
Os poveiros, já vieram ao bairro sabendo pescar e construir embarcações, e isso, era a maior especialidade deles. É possível que esses pescadores, tenham derrubado as últimas mangueiras da quinta, pra fazer canoas de voga ou levantar as suas casas.
Quando a linha do mar ficou bastante ocupada, os imigrantes, começaram a erguer barracos no alto do morro do Caju, e fizeram o velho casarão do século XVIII, de cortiço. Construindo junto a casa colonial, mais barracas e puxadinhos, até desaparecer alguns anos mais tarde.
Levou muitos anos, para que o governo resolvesse a situação dos moradores, regularizando os imóveis do morro.
- Fotos raras da colônia!!
FOTOS AÉREAS
As fotos aéreas abaixo mostra o quanto o bairro se transformou!
Vejam as pedras e estendendo para o mar, tanto na ponta norte e sul de Caju, na segunda foto. Isso, já era o princípio de aterro do porto do Rio que iria avançar nos anos 50. Percebam também que a enseada de Inhaúma, já estava passando por aterros e perdendo o seu tamanho original.
ÚLTIMOS ATERROS
O último grande aterro na região, fez sumir de vez o que restava da Ponta de Cajú original. Foi feito pela Ishibrás, na década de 1970. A empresa fez um enorme estaleiro no lugar, e aterrou uma área imensa pra caber navios cargueiros e contêireres. A Ishibrás, pertenceu a multinacional japonesa Ishikawajima-Harima Heavy Industries, e se instalou no Brasil no final da década de 1950. Em 1994, foi vendida ao consórcio Emaq-Verolme.
Decreto nº 77.461, de 19 de Abril de 1976:
"Art. 1º. É autorizada a Ishikawa-gima do Brasil-Estaleiros S. A. - "ISHIBRÁS" a realizar o aterro de uma área em mar com 48.196,00m² (quarenta e oito mil, cento e noventa e seis metros quadrados), na Ponta do Caju, em São Cristóvão, Cidade e Estado do Rio de Janeiro, observadas as condições estabelecidas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha, de acordo com os elementos constantes do processo protocolizado no Ministério da Fazenda sob o número 0768-09.102, de 1976.
Art. 2º. Fica autorizada a cessão sob o regime de aforamento, à Ishikawiga do Brasil-Estaleiros S. A. "ISHIBRÁS", da área de acrescidos de marinha contínua a terrenos que já lhe estão aforados com 57.622,00m² (cinqüenta e sete mil, seiscentos e vinte e dois metros quadrados), sendo 9.426,00m² (nove mil, quatrocentos e vinte e seis metros quadrados) já existentes e 48.196,00m² (quarenta e oito mil, cento e noventa e seis metros quadrados) decorrentes do aterro mencionado no artigo 1º.
Art. 3º. O terreno a que se refere o artigo 2º se destina à expansão do Estaleiro da cessionária no prazo de 5 (cinco) anos, a contar da data da assinatura do contrato de cessão, que será lavrado em livro próprio do Serviço do Patrimônio da União. (...)"
Fonte: Conjunto de leis brasileiras, de 1976.
NOTÍCIAS ANTIGAS
Vejam essas curiosidades no jornal abaixo!
A reportagem de Escragnolle Doria, conta que as alamedas da Quinta Imperial, eram calçadas com pedrinhas multicoloridas. As pedras, variavam do quartzo branco, granitos amarelados, e até mesmo, pedras avermelhadas. A outra notícia, fala sobre o tamanho do empreendimento da Cia Edificadora, que tinha mais de doze setores na fábrica, e cada setor, fazia algo diferente.
ORIGENS DA P.A.M.E
A origem desse espaço militar, coincide com o fechamento da Cia. Edificadora.
É possível que as ruínas da casa de banho de Dom João VI, tenha sido demolida entre os anos 40 até a década de 1960.
O Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro, foi criado nos anos 50, na época da Diretoria de Rotas Aéreas - DR (atual DECEA). A diretoria decidiu instituir o "Projeto Caju", que culminaria na concepção, criação e efetivação de uma unidade destinada ao apoio à infraestrutura de proteção ao voo, em franca expansão, sobretudo após o boom no crescimento do tráfego aéreo no pós-guerra.
Em 1959, surgia a OCEDRA - Oficina Central Especializada da Diretoria de Rotas Aéreas. Por cerca de uma década, essa organização incorporou e ampliou suas atividades. Ativou e aprimorou as oficinas técnicas e implantou, dentre outras instalações, um eficiente Laboratório de Aferição de Instrumentos - embrião da atual Subdivisão de Metrologia.
O crescente desenvolvimento da organização, porém, levou à aprovação, por parte do Governo, de um decreto que lhe concedia autonomia administrativa em 1963. Com um comando próprio, descentralizada da Diretoria de Rotas, o órgão passa a se chamar Núcleo de Parque de Eletrônica (NUPEL), uma vez que as instalações já haviam sido concluídas, atendendo aos objetivos preconizados pelo Projeto Caju.
Esta condição de autonomia, no entanto, só perdurou até 1972. Na ocasião, foram instituídos os parques de eletrônica - subordinados diretamente à Diretoria Eletrônica de Proteção ao Voo (órgão central do SISCEAB, que à época, substituiria a DR). Agora, como Parque de Eletrônica do Rio de Janeiro (PERJ), o órgão passava também a imprimir cartas aeronáuticas e outros documentos necessários à navegação aérea e ao sistema de telecomunicações da FAB.
Em 1982, rebatizado como Parque de Material de Eletrônica do Rio de Janeiro, o PAME-RJ, passa a ser uma unidade industrial para o apoio logístico às atividades de Proteção ao Voo e de Telecomunicações do Ministério da Aeronáutica, redefinindo com isso novos conceitos e atribuições do órgão.
Hoje o PAME-RJ conta com engenheiros e pessoal técnico de alto nível de especialização, prestando atendimento às demandas, sempre crescentes e desafiadoras, da imprensa técnica e da manutenção do acervo de equipamentos que sustentam o SISCEAB.
Fonte:
https://www.decea.mil.br/?i=unidades&p=pame-rj
CONCLUSÃO
Escrevi essa história com carinho, pra mostrar que a Quinta do Caju, foi usada sim, pelos três monarcas. E não como sugerem outras fontes, que dizem que fora totalmente abandonada pelos dois imperadores. Como se, apenas Dom João, fosse o único monarca, a fazer o bom proveito do lugar.
Não sabemos o porquê que o IPHAN, não viu a verdadeira casa de banho de Dom João VI, no bairro. Talvez seja, por estar muito escondida atrás das fábricas da Companhia Edificadora [atual PAME - Aeronáutica].. E quem sabe? O palacete, esteve disfarçado como um cortiço ou depósito.
Note-se bem, o imóvel era existente em plena década de 1930! E foi demolido sem dó, nos anos 40 em diante. O IPHAN, também, não tombou o casarão mais antigo no alto do morro da Quinta, e nem outras duas construções antigas, que era a antiga hospedaria dos imigrantes, e a outras duas casinhas coloniais que existiam ao pé do morro.
Então minha gente, essa história ficou longa né?
A pesquisa levou 1 mês pra ficar pronta! Tudo isso, para destacar a importância da história de um bairro tão maltratado, e tão ignorado na historiografia carioca. E espero que as futuras gerações, tenham mais consciência de preservar a história do Rio de Janeiro e do Brasil. Portanto, não deixem a especulação imobiliária, empresários ou políticos, apagarem a história! A nossa identidade não subsiste sem memórias! E um povo sem história, é um povo sem futuro!!
Esse lindo imóvel, tem azulejos na fachada, mostra sinais de modernização de um prédio antigo para a época, assim como muito prédios coloniais do centro passaram por essas intervenções.
Dica:
Aos moradores, recomendo que solicitem uma placa histórica na comunidade, junto ao PAME, pra indicar a real localização da antiga casas de banho de D. João VI. E outra placa, na Travessa Arnaldo Costa, indicando o caminho para a casa colonial, que aparece na foto de Juan Gutierrez, em 1893.
Texto e Pesquisa: Cleydson Garcia.
Historiógrafo e Pesquisador.
Graduando em Arquitetura.
OUTRAS FONTES:
Estudos brasileiros - Volumes 7-8 - Página 33
História do Brasil, Vicente da Costa Santos Tapajós.
Arquivo Nacional.
Coleção de leis do Império e República Velha.
Genealogia da Lady Diana:
https://famouskin.com/family-group.php?name=6102+princess+diana&ahnum=102
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Comentários
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Show. Tem que escrever um livro 📕!
ResponderExcluirValeu João!! Quem sabe um dia eu faça um livro? rsrs
ExcluirExcelente, Cleydson, extenso e detalhado na medida certa, conduzindo a história do Brasil bem à volta do tema.
ResponderExcluirValeu AJ Caldas!! Muito obrigado pelo elogio amigo! A ideia é essa mostrar a história do Brasil com Caju, porque estão estreitamente relacionadas!
ExcluirParabéns pela pesquisa, a qual gostei bastante de ler. É um carinho e tanto para um bairro virtualmente esquecido, acho que até os ônibus não vão mais lá. De quebra pude conhecer a exata localização da Ilha dos Ferreiros, lugar que abrigou por algum tempo as oficinas dos hidroaviões da Panair do Brasil. Venho de ler recentemente dois livros do antigo comandante Coriolano Tenan, "Memórias de um piloto de linha" e o "Aviação de outrora". Nas duas obras ele menciona o seu estágio como mecânico de hidroaviões na ilha.
ResponderExcluirValeeeu Leandro, muito obrigado pelo elogio, pode deixar que irei acrescentar a parte do hidroavião ,na história da ilha dos Ferreiros!
ExcluirQue trabalho lindo, competente e esclarecedor. Hoje esta um bairro completamente drgradado . O Caju é o retrato de como os brasileiros, tanta a populacao com seus governantes veem a historia , com completo descaso. O que importa e manter ´bonitos `, os bairros de Ipanema, Leblon e Lagoa, o resto , nao os interessa mais. Parabens pelo trabalho maravilhoso trabalho.
ResponderExcluirMuito obrigado!! Que bom que gostou!!
ExcluirMuitíssimo interessante o seu trabalho. Parabéns! Fico mais feliz ao ver o alto cuidado com as informações históricas para fornecer aos que aplaudem uma pesquisa de excelência. Sendo possível, enter em contato conosco. Paulo de Tarso, blogtarso@gmail.com
ResponderExcluirObrigado Paulo! Que bom que adorou, sempre tento passar as informações com fontes confiáveis, e mostrar a história da melhor maneira possível. Um abraço!
ExcluirParabens por resgatar a história desse lugar onde nasci e vivemos 3 gerações de minha familia obrigado
ResponderExcluirValeu!! A intenção é essa, resgatar histórias esquecidas e recuperar o valor dos lugares como Caju, e muitos outros bairros ignorados!
ExcluirAdorei teu trabalho muito instrutivo principalmente para aqueles q nasceram e foram criados na Quinta do Caju. Sou desse bairro e não tinha noção q ele foi tão importante na história do nosso País.
ResponderExcluirMuito obrigado!! Sinto honrado em ter levado a história para os moradores! E se conhece alguém que mora no local ainda, compartilhe pra eles _/\_
ExcluirIsso não é um mero estudo. É um documentário completo! Fascinante! Viajei no tempo aqui, mesmo sem ser carioca.
ResponderExcluirValeuu Aldolino, isso é um baita de um elogio! Um abraço!
ExcluirObrigado pelo belo artigo, Cleydson! Certamente pesquisadores, estudiosos e ávidos amadores de história enriquecerão seus conhecimentos depois de ler esse texto incrível. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado Ricardo!! Valeu por incentivar as minhas pesquisas! Um abraço!
ExcluirLindo trabalho de pesquisa. Parabéns e obrigado.
ResponderExcluirObrigado Humberto!
ExcluirParabéns pelo trabalho!!! Iniciei minha vida profissional como Engenheiro na Ishibras. Nunca havia imaginado o que estava por traz... Muito legal.
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